Um Estado cuja economia é basicamente movida pelo agronegócio, uma capital que beira 1 milhão de habitantes, e um evento anual de mais ou menos 20 dias de leilões e 9 dias de shows, com centenas de expositores, comerciantes, empreendedores, investidores, especuladores e entretidos, que movimenta negócios em torno de R$ 140 milhões de reais. Eis o cenário.
A capital, centro do país. Lugar de poucas variedades mas com muitas possibilidades, falta apenas CABEÇA e DECÊNCIA, algo do tipo, conhecimento exterior, sabedoria ampla e não mais essa cultura de curral, herança de anos e anos de fazendeiros enfiados no meio do mato, providenciando, inclusive, o definhamento das próprias proles. Sim, essas que sabem apenas andar de camionetes e camionetas esfumaçantes, brigar de bar em bar, e procriar. Tristes os filhos destes!
Nos dias de véspera ao grande evento agropecuário, a cidade começa entrar num clima de animação alucinante, as rádios começam a tocar as Top 10 dos cantores, bandas e duplas sertanejas que tocarão nos shows, as menininhas iniciam o coro, os agroboys lustram as botas e os hotéis começam a preparar seus quartos e restaurantes para receber seus hóspedes e arrobadollars. Alto lá, outros mais se animam!! O comércio se prepara para receber visitantes de outras cidades interessados nos shows, restaurantes se aquecem para vender mais pratos, bares aumentam o estoque de amendoim e cerveja para atender à demanda e... os motéis (o Ipa... subiu R$ 65 reais) e apart hotéis também não são esquecidos! TODO MUNDO GANHA, inclusive as Tias!
Por volta de um mês ou quinze dias antes da grande festa começar, dos hotéis serem tomados por fazendeiros gastadores, sojeiros negociadores, algodoeiros fiadores e etc., as nossas amadas Tias garantem a vinda de lindas sobrinhas. São catarinenses, paulistas e sul-riograndenses maravilhosas, de corpos sarados, típicas odes gregas, próprias das olimpíadas atenienses. Musas do sexo profissional, elas começam a lotar aparts e suítes, enfestar emails de interessados e circular no boca a boca do 's-commerce'.
O que mais interessa nisso tudo é, vejam bem, que muitas delas estão compartilhando com você caro leitor, cara leitora, o mesmo ambiente social, as mesmas escolas, clubes, baladas, e, pasmem mocinhas, santinhas, pseudo-ingênuas, os mesmos grupos de amizades. Algumas das 'primas' advindas d'outras regiões são tão boas de papo e ganham tão ou mais que as moçoilas da alta sociedade, que acabam socializando-se justamente com as filhinhas ou namoradas de seus clientes. Assaz risível! São pegadinhas da vida privada.
Mas não é uma crítica ao trabalho das 'primas', digno e justo, porém muito sofrido em razão do preconceito. Sim, mais de 2 mil anos de profissão e as pessoas ainda não aprenderam a respeitar aquela que é a mãe de todas as labutas. Talvez mesmo antes do homem descobrir o que era troca, no sentido cambial da palavra, a mulher já usava o seu amuleto como forma de ter a 'boa-sorte'. E, ainda assim, as pessoas preferem satanizar, jogar à sorte, criminalizar mulheres que escolheram fazer do corpo uma ferramenta de trabalho.
Não me dou o direito de criticar estas garotas que vendem o corpo, principalmente estas que vêm de longe para uma cidade desconhecida arriscando, às cegas, atrás de ouro ou fortuna. Elas estão certíssimas! Erradas estão as pessoas que fazem de tudo e de graça, e ainda se dão o luxo de chamar profissionais do sexo de prostitutas, ou de putas. Pobres coitadas! Algumas ainda arriscam a fama, fingindo flagras pornográficos em câmeras fotográficas próprias ou de ex-atuais-sabe-se-lá-o-que-namorados.
Quer fazer putaria, faça! De forma digna e correta, pois até a putaria tem código de honra. Se começar com zona, veste a roupa e vá-se embora! Entende? Qual seria a graça de pagar para uma garota de programa, por mais que gostosona, se ela fosse amiga da roda e todo mundo soubesse que ela é acompanhante? Nenhuma. Por isso, a profissão é algo que se mantém apartada da vida social, por mais que se misturem em algumas situações. Agora, todo homem vê graça na gatinha da roda que é da putaria e todos da roda sabem. Todos da roda querem fazer uma putaria com ela também!
Agora, a filhinha de papai que um dia antes de casar se fecha num quarto de motel com três marmanjos, colegas da faculdade, bebe todas, e dá até o cu fazer bico. Depois vive um casamentinho de merda, com um cara insignificante qualquer, e chama qualquer mulher de biscate e acompanhante de puta, merece O Troféu Jóinha. Esse tipo aí, estimados, é muito mais do que risível! Mais do que pegadinha da vida privada, isso é fato e acontece muito corriqueiramente: ACREDITE SE QUISER!
Por não ser pai, e só ter primas na família, ainda não me preocupo com quem come minha filha. Enquanto isso vou agradecendo às Tias, por trazerem suas lindas e gostosas sobrinhas de Caxias, Pelotas, Bauru, São Paulo, Florianópolis, Rio de Janeiro e etc. E assim, o fluxo de capital vai girando na Capital do Estado onde nasci.